O Início

Arte de difundir a ciência nasceu com a mesma. No momento em que nossos ancestrais fizeram as suas primeiras descobertas como o fogo, a roda e os metais. Eles transmitiram para suas comunidades promovendo grandes benefícios, empregando-os para aperfeiçoar suas condições na luta pela sobrevivência. Os homens sentiam-se maravilhados com o modo pelo qual um pedaço de madeira se transformava em fogo após ser atingido por um raio, transformações na cor e consistência de um pedaço de argila cozida próxima do fogo e as transformações no aspecto, cheiro e gosto de um pedaço de carne que se deterioram com o passar do tempo, ou que árvores e plantas variadas poderiam fornecer pigmentos utilizados para fazer pinturas nas paredes das cavernas. Os homens conquistaram conhecimentos com o passar dos anos, por meio de observação da natureza, explorando da melhor forma o que ela oferece e mesmo tentando copiá-la nos mínimos detalhes. Essas observações e descobertas casuais consistiram nas primeiras atividades “pré-científicas”, ou seja, as origens da ciência são antigas como a humanidade.

A natureza, portanto, foi o primeiro sistema a ser estudado pelo homem, pois ele descobriu que existia vida e se ele – uma parte dessa vida – pode observar o que acontece à sua volta, por que não estudá-la. Esse relacionamento entre o Homem e a Natureza constitui o objeto Ciência (em latim scio = conhecimento)[1]. No início, esse estudo foi difícil porque as explicações para os fenômenos naturais não estavam ao alcance daqueles que mais tarde iriam ser chamados de “físicos”[2], ou seja, tudo parecia muito complexo.  As lendas que nasceram com as crenças “desvendavam” os pequenos mistérios. Porém, os grandes mistérios não pertenciam aos mortais; mas, aos imortais, os deuses. Surgiram os deuses: deus do fogo, deus do raio, deus do tempo, deus da natureza, deus do amor, etc.

Porém, essas simples observações foram os primeiros passos e eventualmente conduziram a aquisições mais significativas. O homem percebeu que, muitas vezes, quando dois ou mais materiais eram misturados, formava-se um novo material com características muito diferentes dos materiais anteriores. Para que isso ocorresse, quase sempre era necessário submeter os materiais a um aquecimento, e o homem foi percebendo que, desse modo, ele poderia criar novos materiais[3]. Como essas atividades “pré-científicas” não tinham muita consistência em suas experiências, as divindades continuaram dominando o cenário de desenvolvimento das grandes civilizações[4].

Continua…


[1] A ciência, nos dias atuais, pode ser considerada como aquilo que, na Antiguidade, se denominava “Filosofia Natural”. Neste ramo do conhecimento procurava-se obter respostas para questões referentes a fatos que ocorriam na natureza. Por exemplo: a razão da ocorrência dos dias e das noites e das estações do ano, por que precisamos nos alimentar para sobreviver, a importância da água em diversas atividades humanas, etc. A medida que respostas para estas questões eram encontradas, elas passavam a integrar um conjunto de conhecimentos que hoje denominamos ciência.

[2] Os homens que se dedicavam ao estudo da natureza. A palavra física tem sua origem no termo grego physiké, que significa “natureza”. Quando nos referimos a este termo, entretanto, estamos sempre subentendido nele a palavra episteme, também de origem grega, que pode ser traduzida por conhecimento, ou seja, por ciência.

[3] Muitos desses materiais acabaram fornecendo processos puramente experimentais, sem que o homem tivesse a preocupação de explicar o fato ocorrido. O cobre metálico, por exemplo era, sem dúvida, conhecido na idade da pedra, mas devido a escassez ele foi considerado como sendo uma mera curiosidade. Assim, gradativamente, o homem conseguiu produzir, já em 4000 a.C., alguns materiais, como vidros, cerâmicas, tintas, sabão, perfumes, medicamento e, por volta de 3000 a.C., aprendeu a extrair e produzir alguns metais.

[4] É interessante observar o surgimento e o impulso das religiões nestas culturas da Antiguidade.

 

Deixe um comentário